sábado, fevereiro 24, 2007

Segundas Impressões

Eu já suspeitava que ia gostar, agora a confiança ainda é maior.

Isto de ter um barco que nos leva a uma praia numa ilha/peninsula (varia consoante a hora e a maré), muito tranquila, com grupos de tugas para não parecer que estou tão longe, a beber umas caipirinhas em cima da água, a jogar uma peladinha na areia, com grandes almoçaradas pelo meio tem um certo nível, e sabe mesmo bem depois de 5 dias das a bulir das 9h às 21h.

Já tenho restaurante para almoçar à pala comida angolana à descrição. Já tenho "pais adoptivos". Já conheço bem a maioria das pessoas com quem vou trabalhar nos próximos tempos. Ainda nem sequer comecei a telefonar ao pessoal que entrou na minha gloriosa lista de contactos Luandenses. Daqui a umas 2 semanas vou ver se combino um jantarzinho cá em casa.

Mais peças para os vossos puzzles: o centro de Luanda é relativamente limpo, com alguns jardins, os prédios em más condições mas muito a serem recuperados ou reconstruídos. Fora do centro há um perimetro de musseques (equivalente a favela brasileira) que são um bocado degradantes, mas onde vivem milhões e funciona uma 2ª economia incrivelmente dinâmica, com farmácias por todo o lado, oficinas, mercados, etc etc. Depois há um 2º perimetro entre 10-20km de distancia do centro com algumas zonas de empreendimentos ricos, mas que demoram horas para conseguir ir e vir a Luanda. E quando digo horas não estou a exagerar... nos dias bons são 2 horas para ir, 2 horas para vir. Daqui do centro ninguém me tira!

Aqui em casa é comum ficar ficar sem electricidade, ou ter picos de tensão. A maioria das casas ou prédios têm geradores para evitar ficar às escuras nesses periodos. E no material tecnológico é fundamental ter estabilizadores e UPS's senão vai tudo ao ar. A internet anda a passo de caracol a não ser que se pague um balurdio.

Já chega, se quiserem saber mais sobre Luanda vão ao google e investiguem.

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Primeiras Impressões

Não quero lançar foguetes antes da festa, mas depois destes primeiros dias estou convencido que vou gostar muito de viver aqui.

Aterrei na terça de manhã e mal saí do avião senti aquele odor caracteristico que as pessoas dizem existir em África envolvido num bafo quente. Tinha o motorista à minha espera e vieram logo uns miudos a correr ajudar a levar as malas. "Olha que queridos" pensei eu, mas aparentemente eles gostam mesmo é de notas, porque torceram o nariz às moedas que lhes dei. Ar condicionado no máximo, portas do jeep trancadas, e aqui vamos nós. Vou prestando atenção ao meu novo "mundo", vejo muitas pessoas pobres, vendedores de rua (aqui chamam-se candongueiros), casas destruidas, lixo na rua em alguns bairros. Mas não houve um verdadeiro choque. Nada assim tão diferente do que já vi noutros "mundos", nada que não tivesse visto em documentários, mas definitivamente terceiro mundo.

O meu maior choque acabou por ser com o trânsito, e até já ia preparado para isso. É desesperante, e como eu já expliquei uma vez hoje, faz o IC19 parecer o paraíso. "Mas como é que tanta gente pode comprar e sustentar um carro?! Não eram suposto ser pobres?!". Este pensamento é inevitável e de fundamentação lógica dificil de alcançar.

Chego a casa, cansado por ter dormido apenas 4 horas na minha estreia numa poltrona executiva da tap, mas não posso descansar porque já tenho reuniões marcadas. Tomo um duche rápido, visto uma roupa leve mas formal, e vou para o escritório que por acaso fica na mesma vivenda que a casa (é descer um andar, que canseira). Tive reuniões a manhã inteira, depois tive um almoço delicioso (nem vos passa pela cabeça a dimensão do potencial culinário da empregada), tive reuniões a tarde toda até as 20h, jantei e fui dormir. Estava completamente de rastos.

Os dias seguintes foram parecidos. Não quero nem devo entrar em detalhes do que aconteceu nas reuniões, mas foram de alto nível e muito estimulantes para alguém com a minha idade. Cheira-me que vou criar bons contactos por aqui, sem grande esforço, a nível profissional e pessoal (um dia conto-vos a aventura que foi o meu primeiro jantar social, não posso contar num espaço publico).

Agora vem aí o fim de semana, e ainda bem porque preciso de descanso mental. Praias, passeios de barcom, almoçaradas... é isso que vai saber bem.

sábado, fevereiro 10, 2007

Sapos Indigestos

O que une os dois lados agora: a consciência colectiva de que abortar é moralmente errado e de que o aborto clandestino é um problema social grave.

Amanhã escolham aquele sapo que vos custa menos a engolir e votem em consonância. Qualquer que seja a resposta do povo, espero que o resultado represente uma melhoria da nossa sociedade, no curto e no longo prazo.

Só tenho pena que exista alguma falta de respeito e compreensão entre os dois lados. Existem fortes argumentos racionais e emocionais, tanto no SIM como no NÃO, e nenhuma das soluções é perfeita. Pensar que nós é que temos a resposta certa e que os outros são burros ou hipócritas é defitivamente o caminho errado, sobretudo num assunto que mexe com principios e valores tão fundamentais como a concepção da vida e a sensibilidade social.

Eu escolhi o meu sapo mais indigesto: a liberdade total para matar fetos até às 10 semanas. Perturba-me mais isso que o problema do aborto clandestino, e assumo-o abertamente. Mas compreendo bem quem pensa de outra forma.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Almoço "Surpresa"

Colocando parcialmente em risco a minha condição masculina e heterosexual, quero agradecer-vos por esta tarde e dizer-vos que nos próximos meses vou ter saudades vossas, destes momentos.

A repetir, no meu regresso em Maio.


sábado, fevereiro 03, 2007

6 days to countdown