Já decidi
"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"
Sei que a minha opinião não é popular, mas decidi-me pelo não. Por várias razões.
Como introdução devo referir que não sou fundamentalista, sou aliás completamente ateu por isso nem coloco a questão no plano religioso, mas estudei, analisei, pensei, e cheguei à conclusão que sou contra.
Primeiro porque acho que esta questão não deve ser analisada exclusivamente no plano social, mas também no plano da ética e da moral individual e colectiva. E aí tenho imensas dificuldades em concordar com a consideração de que um feto de 10 semanas não tem vida, não tem direito a ser protegido. Aqui vão 3 pequenos videos que demonstram, através da recente tecnologia de ecografias a 4d, o que é um feto com 10 semanas: (vejam com atenção sff)
http://www.ehd.org/flash.php?mov_id=56
http://www.ehd.org/flash.php?mov_id=224 (a bocejar)
http://www.ehd.org/flash.php?mov_id=225 (a chupar o dedo)
Vocês são objectivamente capazes de, em consciência, permitir a liberalização total do aborto de fetos como este? Eu não sou. Sim é minusculo, mas é incrível o desenvolvimento, as mudanças de posição, o bocejar, o levar os dedos à boca. Com base nestas imagens não tenho a minima duvida em considerá-lo um ser humano nesta fase, e assim considerar o aborto um crime.
Tenho também medo das portas que isto abre em termos ciêntificos. Se um feto de 10 semanas não tem vida, então porque não criarmos mega fábricas de fetos humanos para lhes retirar as células estaminais e tratarmos as nossas doenças? Isso seria uma evolução muito bonita da nossa sociedade.
É óbvio que existe um problema social que deriva da prática inadequada de abortos clandestinos e o Direito por vezes tem que acompanhar a sociedade de forma a proteger os seus direitos e garantias, mas isso para mim não é suficiente. A verdade é que existe um erro individual na génese do problema, normalmente devido ao "esquecimento" dos métodos contraceptivos.
E aí surge outra questão: têm noção do que é o crescimento exponencial, ano após ano, da venda de pilulas do dia seguinte depois da sua entrada no mercado? O fenómeno social que ocorre é a completa desresponsabilização. Neste momento um homem e uma mulher só têm uma razão para não usar preservativo: doenças sexualmente transmissiveis. Possibilidade de ficar grávida? Tranquilo... há a pilula do dia seguinte. E se isso não resultar...? ABORTO! Que bom! Vamos todos fazer sexo sem preservativo! Viva!
Ok, chega de ironia. O que é facto é que assim o aborto torna-se num método contraceptivo de ultima instância, o que é deprimente. A lei tem também uma função pedagógica, e com a liberalização o efeito serial totalmente oposto.
Mais dados e raciocinios:
. A lei actual já prevê 3 excepções: perigo de vida para a mulher, malformação/doença fetal grave, e crimes contra a autodeterminação sexual (leia-se, violação)
. Em Portugal não há nenhuma mulher/mãe presa por crime de aborto. É um facto irrefutável que contradiz alguns dos argumentos do Sim.
. Se porventura fosse a favor da liberalização do aborto, não estaria de acordo que a decisão fosse apenas da mulher. O pai deveria ter o mesmo grau responsabilidade, porque há casos em que pode perfeitamente querer ter a criança e ter a capacidade de lhe proporcionar uma boa vida. Nesses casos... porquê abortar?
. Tenho pena que para muita gente a liberalização do aborto esteja a ser transformada num estágio mais avançado da emancipação da mulher. Isso distorce completamente a questão.
. Não considero relevante o facto de na maioria dos outros países europeus o aborto estar liberalizado (self-deception?). A maior parte deles criaram essas leis nos anos 60/70/80 quando a tecnologia não lhes permitia saber o desenvolvimento real de um feto de 10 ou 12 semanas, e por isso acredito que foram precipitados. Arrisco-me a pensar que, à medida que a tecnologia se for desenvolvendo e formos percebendo com mais detalhe o que é um feto de 10 semanas, se vai iniciar pelo mundo fora uma onda de criminalização do aborto.
Sei que a minha opinião não é popular, mas decidi-me pelo não. Por várias razões.
Como introdução devo referir que não sou fundamentalista, sou aliás completamente ateu por isso nem coloco a questão no plano religioso, mas estudei, analisei, pensei, e cheguei à conclusão que sou contra.
Primeiro porque acho que esta questão não deve ser analisada exclusivamente no plano social, mas também no plano da ética e da moral individual e colectiva. E aí tenho imensas dificuldades em concordar com a consideração de que um feto de 10 semanas não tem vida, não tem direito a ser protegido. Aqui vão 3 pequenos videos que demonstram, através da recente tecnologia de ecografias a 4d, o que é um feto com 10 semanas: (vejam com atenção sff)
http://www.ehd.org/flash.php?mov_id=56
http://www.ehd.org/flash.php?mov_id=224 (a bocejar)
http://www.ehd.org/flash.php?mov_id=225 (a chupar o dedo)
Vocês são objectivamente capazes de, em consciência, permitir a liberalização total do aborto de fetos como este? Eu não sou. Sim é minusculo, mas é incrível o desenvolvimento, as mudanças de posição, o bocejar, o levar os dedos à boca. Com base nestas imagens não tenho a minima duvida em considerá-lo um ser humano nesta fase, e assim considerar o aborto um crime.
Tenho também medo das portas que isto abre em termos ciêntificos. Se um feto de 10 semanas não tem vida, então porque não criarmos mega fábricas de fetos humanos para lhes retirar as células estaminais e tratarmos as nossas doenças? Isso seria uma evolução muito bonita da nossa sociedade.
É óbvio que existe um problema social que deriva da prática inadequada de abortos clandestinos e o Direito por vezes tem que acompanhar a sociedade de forma a proteger os seus direitos e garantias, mas isso para mim não é suficiente. A verdade é que existe um erro individual na génese do problema, normalmente devido ao "esquecimento" dos métodos contraceptivos.
E aí surge outra questão: têm noção do que é o crescimento exponencial, ano após ano, da venda de pilulas do dia seguinte depois da sua entrada no mercado? O fenómeno social que ocorre é a completa desresponsabilização. Neste momento um homem e uma mulher só têm uma razão para não usar preservativo: doenças sexualmente transmissiveis. Possibilidade de ficar grávida? Tranquilo... há a pilula do dia seguinte. E se isso não resultar...? ABORTO! Que bom! Vamos todos fazer sexo sem preservativo! Viva!
Ok, chega de ironia. O que é facto é que assim o aborto torna-se num método contraceptivo de ultima instância, o que é deprimente. A lei tem também uma função pedagógica, e com a liberalização o efeito serial totalmente oposto.
Mais dados e raciocinios:
. A lei actual já prevê 3 excepções: perigo de vida para a mulher, malformação/doença fetal grave, e crimes contra a autodeterminação sexual (leia-se, violação)
. Em Portugal não há nenhuma mulher/mãe presa por crime de aborto. É um facto irrefutável que contradiz alguns dos argumentos do Sim.
. Se porventura fosse a favor da liberalização do aborto, não estaria de acordo que a decisão fosse apenas da mulher. O pai deveria ter o mesmo grau responsabilidade, porque há casos em que pode perfeitamente querer ter a criança e ter a capacidade de lhe proporcionar uma boa vida. Nesses casos... porquê abortar?
. Tenho pena que para muita gente a liberalização do aborto esteja a ser transformada num estágio mais avançado da emancipação da mulher. Isso distorce completamente a questão.
. Não considero relevante o facto de na maioria dos outros países europeus o aborto estar liberalizado (self-deception?). A maior parte deles criaram essas leis nos anos 60/70/80 quando a tecnologia não lhes permitia saber o desenvolvimento real de um feto de 10 ou 12 semanas, e por isso acredito que foram precipitados. Arrisco-me a pensar que, à medida que a tecnologia se for desenvolvendo e formos percebendo com mais detalhe o que é um feto de 10 semanas, se vai iniciar pelo mundo fora uma onda de criminalização do aborto.
<< Home